Cá estou eu novamente e hoje para falar de nêsperas. Quando era miúda havia uma grande nespereira em casa dos meus avós e quando chegava o tempo das nêsperas lá ía eu para cima da árvore comer até querer. Hoje quando passo pelas aldeias vejo as árvores carregadas de fruto e completamente abandonadas, porque ninguém parece apreciar o seu sabor. Será porque pensam que a nêspera é uma fruta dos pobres? Será porque não vem das Caraíbas? Pois eu quando escolhi as árvores para o pomar não esqueci a velha nespereira e, embora ainda seja pequena, este ano deu, como primeiro parto, sete belas nêsperas com que me deliciei, só ainda não subi à árvore... Eis as ditas cujas!
Para mim a horta e a jardinagem funcionam como uma forma de me libertar do stress do dia a dia e de ter sempre legumes frescos e biológicos.
sábado, 14 de maio de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
Fim de semana na horta
O sábado, 7 de maio, foi passado na horta. apanhámos ervilhas e favas. Arrancámos batatas, colhemos os alhos, arrancámos as ervas, regámos etc...etc. Quando terminou a faina não podia com um gato pelo rabo, mas não tinha nem dores de cabeça, nem stress e estou a contribuir para diminuir o peso das importações.
Hoje li que a Universidade do Minho inaugurou uma horta comunitária na Universidade, um projecto pioneiro. Talvez assim as pessoas comecem a perceber que é fundamental cultivarem o que comem.
Hoje li que a Universidade do Minho inaugurou uma horta comunitária na Universidade, um projecto pioneiro. Talvez assim as pessoas comecem a perceber que é fundamental cultivarem o que comem.
sábado, 30 de abril de 2011
Poema à mãe que dedico a todas as mães
No mais fundo de ti,
eu sei que te traí,mãe.
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa:
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me?-
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda ouço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal....
Mas - tu sabes - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
eu sei que te traí,mãe.
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa:
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me?-
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda ouço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal....
Mas - tu sabes - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Ervilhas com paio e entrecosto fumado
Estamos no tempo das ervilhas. Como diz o ditado popular «Maio as traz, Maio as leva».
Ao contrário do que parece, dão muito trabalho a apanhar e as «cruzes» começam a queixar-se...
Mas como não gosto de estragar nada, fiz o sacrifício de andar duas horas a apanhá-las. Depois congelei algumas e com as que sobraram fiz um belo prato com paio e entrecosto. Mais uma vez fui reler Eça de Queirós...
«De repente Carlos teve um largo gesto de contrariedade:
- Que ferro! E eu que vinha desde Paris com este apetite! Esqueci-me de mandar fazer hoje, para o jantar, um grande prato de paio com ervilhas.» Os Maias
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Favas à maneira de Eça de Queirós « A cidade e as serras»
Noutros tempos detestava favas e rezava para que elas acabassem depressa. «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades» e hoje sou grande apreciadora de favas. Estamos no tempo delas e a produção tem sido satisfatória. Umas são congeladas e outras vão sendo cozinhadas de várias maneiras. Lembrei-me do Jacinto, personagem de «A cidade e as serras»que ficou maravilhado com as favas que comeu na sua quinta de Tormes. Tentei encontrar a receita e o resultado foi muito bom, todavia não sei se estavam tão deliciosas como as que Jacinto comeu....
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Carta do chefe Seattle ao presidente Franklin Pierce
De uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disso temos a certeza. (...) Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra.
Onde está o matagal? Destruído.
Onde está a água? A desaparecer.
Este é o fim da vida e o começo da luta pela sobrevivência.
Apesar de ter sido escrita em 1854, a mensagem da carta é, infelizmente, actual.
domingo, 10 de abril de 2011
Joaninhas
Acho as joaninhas uns pequenos animais muito engraçados. Hoje as plantas estavam cheias delas.
Quando era criança brincava muito no campo e quando apanhava uma joaninha dizia qualquer coisa como isto: Joaninha, voa, voa, vai levar esta carta a Lisboa. Vou partilhar convosco uma foto que acho muito bonita.
O ramalhete rubro das papoulas
Hoje de manhã, por volta das 10h, fui à horta para ver se a rega automática que tínhamos posto ontem estava a funcionar. A manhã estava calma, o clima ameno, e a natureza respirava tranquila. Eis que vejo umas papoilas que me fizeram lembrar um bonito poema de Cesário Verde, poeta do campo que andava preso em liberdade pela cidade.
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter histórias nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
sábado, 9 de abril de 2011
Bucólica
A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
Caíadas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;
De poeira;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.
Miguel Torga
Favas
Apesar das favas ainda estarem atrasadas, apanhámos as vagens mais tenras para fazer esparregado e para fazer favas à moda do Alentejo. Foi em Mértola que as comi assim preparadas e gostei imenso. Para quem quiser experimentar aqui vai a receita: Faz-se um refogado a que se junta entrecosto e chouriço e depois juntam-se as vagens tenrinhas das favas, partidas em bocados não muito pequenos. Deixa-se cozer e quem gostar pode juntar coentros ou outra erva aromática. Já está .É só comer e de preferência acompanhar com vinho tinto.
É uma forma diferente e gostosa de comer favas.
Engraçado, quando era jovem detestava favas, era, talvez, a única coisa que tinha dificuldade em comer. Hoje, muitos anos passados, gosto imenso de as apanhar e comer, mesmo simplesmente cozidas com um dente de alho, uma folha de louro e regadas com um fio de azeite.
Ervihas de quebrar
natureza
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