Hoje de manhã, por volta das 10h, fui à horta para ver se a rega automática que tínhamos posto ontem estava a funcionar. A manhã estava calma, o clima ameno, e a natureza respirava tranquila. Eis que vejo umas papoilas que me fizeram lembrar um bonito poema de Cesário Verde, poeta do campo que andava preso em liberdade pela cidade.
Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter histórias nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
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