domingo, 10 de abril de 2011

O ramalhete rubro das papoulas


Hoje de manhã, por volta das 10h, fui à horta para ver se a rega automática que tínhamos posto ontem estava a funcionar. A manhã estava calma, o clima ameno, e a natureza respirava tranquila. Eis que vejo umas papoilas que me fizeram lembrar um bonito poema de Cesário Verde, poeta do campo que andava preso em liberdade pela cidade.


Naquele pic-nic de burguesas,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E que, sem ter histórias nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.


Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão-de-bico

Um ramalhete rubro de papoulas.


Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o Sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão-de-ló molhado em malvasia.


Mas, todo púrpuro a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas!


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